Sou mãe de duas crianças: uma menina e um menino. Sou feliz e sinto-me completa. Nasci para ser mãe...
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Mãe sofre....
Tenho andado meia desaparecida daqui porque os últimos dias têm sido atípicos (para dizer o mínimo)...
Na 6ª feira, lá fomos consultar outra opinião de ORL para a M. O diagnóstico não foi muito animador: "Mãe, não gosto nada de dizer este tipo de coisas numa primeira consulta, mas ela está completamente entupida. Tem os ouvidos, o nariz, garganta completamente inflamados e cheios de pus... Vamos dar-lhe três doses de antibiótico injectável durante estes próximos três dias e na 2ª feira vejo-a outra vez. Se não estiver boa, terá de ser operada logo na 2ª!"
Saí de lá completamente desorientada. Confesso até que estava com pouca esperança que não fosse necessário operar. E não me enganei. Mas já lá vamos...
O fim-de-semana lá se passou, entre as injecções e os gritos da M., uma ida ao brunch com a madrinha V., comprar os fatos de Carnaval, um concerto (mãe à solta...) e lanche em casa dos avós F. e E.
Na 2ª feira fomos deixar o T. à creche e rumámos à consulta com a Dra. Cristina. Muito constrangida lá me disse: "Ela não está melhor, vamos mesmo ter de operar."
A partir daquele momento parece que entrei numa outra dimensão... Papéis de seguro, tem de fazer análises, dá entrada na urgência, mas é para internar, não pode comer mais nada a partir deste momento... A menina será operada por volta das 13.30.
A sensação que tenho é que deixei de respirar nesse momento e só voltei quando saímos do hospital à noite.
Lá lhe fizeram as análises, lá entrámos no quarto e esperámos mais indicações. Telefones a tocar, mensagens...
De vez em quando o enfermeiro lá ia perguntar mais qualquer coisa: é alérgica a alguma coisa? Quanto pesa? Que medicação toma?
Por volta das 14h então foram buscá-la ao quarto. Deixaram-nos acompanhá-la até à entrada no bloco. Ia bem disposta, a achar alguma graça a ir numa cama que anda e não chorou. É tão forte a minha filha! Ela não chorou mas assim que a porta fechou chorou a mãe. Queria ser eu a entrar ali em vez dela... Porquê é que não podia ir eu?
Disseram-nos que nos avisavam quando terminasse para que fossemos ter com ela ao recobro. Decidimos ir comer qualquer coisa (com pouca vontade, mas tinha de ser...) e ainda antes de tomarmos o café ligaram-me a dizer que ela já estava no recobro. Quase que voámos até ao 3º piso. Eu queria ver a minha menina, queria estar com ela... À saída do elevador ouvi-a logo a chorar... Um choro que não me há-de sair do ouvido... um choro sofrido. "Mãe, correu tudo bem. Ela está a acordar da anestesia mas é normal que esteja agitada. Tente que ela adormeça e quando voltar a acordar não se irá lembrar de nada... Não se preocupe, é tudo normal". Qual não se preocupe? Como podemos ficar impávidos e serenos ao ouvir a nossa filha a chorar, a gemer, a gritar? Como? Estive mais de um hora no recobro com ela ao meu colo a aguardar que acalmasse. Ao fim desse tempo finalmente adormeceu. E eu comecei a chorar. Não queria que ela estivesse a passar por aquilo... Não queria!!!!
Passado mais meia hora (mais coisa menos coisa) lá a vieram buscar. Podíamos ir para o quarto...
Estivemos lá o resto da tarde, com a M. a melhorar a cada segundo. A ficar mais tranquila, mais irrequieta porque tinha fome, queria ir para casa... Ao final do dia a médica deu-lhe a alta e pudemos ir para casa... Estávamos de rastos! O dia tinha sido absolutamente alucinante. Na verdade, ela "só" teve de ser operada aos adenóides e colocaram-lhe uns tubinhos nos ouvidos para drenar o pus e o líquido... mas a mim pareceu-me uma eternidade...
Foi um dia muito difícil, apesar de saber que se trata de um procedimento fácil, rápido e quase rotineiro...
Mas é a minha menina, e eu queria ter ido em vez dela...
Agora é a parte criativa: é que ela só pode comer coisas frias e moles... e não pode sair de casa...
Tenho estado com ela estes dois dias. Hoje ficou o pai. Ela está bem. Está mais sensível ao som e frustrada porque tem fome e quer comer este mundo e o outro. Mas agora não pode. Agora tem de ter calma...
Temos-lhe dado muito mimo...
Queremos sempre proteger os nossos filhos de tudo e de todos. Mas nem sempre conseguimos.
Foram uns dias difíceis, espero que a partir de agora tudo acalme e que as otites não voltem para nos azucrinar a cabeça...
Só ontem é que me "caiu a ficha", parecia um zombie. Como se me tivesse passado um camião por cima... Foi a adrenalina dos últimos dias a descer... Finalmente ela estava sem dores. E eu já podia baixar as defesas... Mas fiquei muito cansada... e com mais 500 cabelos brancos, certamente.
Porque Mãe sofre... e muito!
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Sofre, sim. Assim que sabe que vai ser mãe, assim que sente o seu bebé, assim que a vida muda. É um sofrimento único, não existe outro igual, tal como não existe sentimento igual. Ser mãe é tudo isto e muito mais. Todas sabemos. E queremos evitar a sofrimento, a doença, a desilusão, tudo o que faz mal aos nossos filhos. Mas não podemos. Esta verdade incontornável é um tremendo lugar comum, mas é mesmo assim. Porque só nós é que somos Mães e os nossos filhos são a coisa mais importante do MUNDO! Verdade???
ResponderEliminarMas tu nasceste para ser mãe, princesa. :-)
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